O presente ensaio submete o pensamento estético de Pierre Bourdieu à crítica reflexiva. Para isso, defende o caráter parcial e falho da reflexividade levada a cabo pelo sociólogo francês – especialmente no que diz respeito aos determinantes teóricos de sua abordagem estética –, o que gerou dois problemas: (1) uma visão restrita da relação entre liberdade e estética e (2) a incapacidade de extrair a reflexividade da experiência estética. A crítica objetivadora busca, então, (re)construir a gênese teórica de tais limitações, apontando como Bourdieu, ao invés de romper radicalmente com Kant, leva a cabo uma apropriação do pensamento kantiano. Espera-se que, a partir do Bourdieu leitor de Kant, seja possível revelar como o sociólogo das práticas herdou os problemas típicos da estética do gosto e que, por isso, não pôde expandir a relação entre experiência estética e liberdade, tampouco explicitar a relação entre experiência estética e reflexividade.