O entendimento sobre a loucura como condição psíquica, também sustentada e produzida socialmente, ganha novas referências no cinema a partir do lançamento do filme Coringa, dirigido por Todd Phillips. Nele, Joaquim Phoenix incorpora o icônico personagem da DC Comics de forma tal a acender o debate sobre como que, através de uma rede de relações e conexões entre diversos atores sociais, os transtornos mentais são relegados a um lugar de exclusão e estigma, operação que mantém dinâmicas instituídas e acirra processos de vulnerabilização. Acionando um referencial teórico existencial-sartreano, busca-se visibilizar como a trajetória do personagem, nesta produção, é marcada por práticas sociais que são efeito de racionalidades que concebem a loucura de forma marginal e a associa à periculosidade. Como isso, trazemos à cena direções encaminhadas a partir da luta antimanicomial e da reforma psiquiátrica, com vistas a afirmar a potência de vidas não-normativas.