O artigo apresenta uma análise do recente desmantelamento da União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) sob os governos do giro liberal-conservador recentemente vivenciado na América do Sul. Através da mobilização de trechos de discursos de Chefes de Estado da região, é possível notar que o caráter alegadamente “ideológico” da UNASUL é apresentado como justificativa principal para a saída da instituição. Diante disso, o objetivo geral do artigo é apresentar um questionamento a essas narrativas sobre o caráter “ideológico” da UNASUL. Para tanto, parte-se de uma revisão de literatura sobre regionalismo, pragmatismo e ideologia. Argumenta-se, em primeiro lugar, que pragmatismo e ideologia no regionalismo não são conceitos dicotômicos, mas complementares. Assim, em que pese elementos ideológicos da UNASUL, a organização representa uma série de alinhamentos e fatores pragmáticos em sua institucionalização e atuação. Finalmente, argumenta-se que as propostas de “des-ideologização” e “realinhamento pragmático” do regionalismo das novas direitas na América do Sul é, efetivamente, mais ideológico do que pragmático como se propõe.
The article presents an analysis of the recent dismantling of the Union of South-American Nations (UNASUR) under the governments of the liberal-conservative turn recently experienced in South America. Through the mobilization of excerpts from speeches by Heads of State in the region, it is possible to note that the allegedly “ideological” character of UNASUR is presented as the main justification for leaving the institution. Having that in mind, the main objective of the article is to interrogate narratives about the ‘ideological’ character of UNASUL. For that, the article presents a literature review on regionalism, pragmatism and ideology to challenge this narrative. It is argued, first, that pragmatism and ideology in regionalism are not dichotomous, but complementary concepts. Moreover, despite UNASUR’s ideological elements, the organization represents a series of alignments and pragmatic factors in its institutionalization and performance. Finally, it is argued that the proposals for “de-ideologization” and “pragmatic realignment” of the regionalism of the new rights in South America are, in fact, more ideological than pragmatic as they claim.