A relevância da recepção da literatura do Marquês de Sade ainda está por ser plenamente compreendida. Ela se dá não apenas na chave da filosofia, mas também na da arte. Nesse aspecto, encontramos Sade no cinema europeu de vanguarda, no cinema hollywoodiano e no pornográfico. Andrea Dworkin ressaltará uma suposta afinidade entre a escrita sadeana e a moral sexual da encenação pornográfica: a da predação e ódio à mulher. No entanto, essa apropriação é disputada. Angela Carter oporá à visão de Dworkin a “mulher sadeana”: Sade teria concebido uma liberdade sexual feminina sem precedentes. Nesse sentido, é notável a influência do imaginário sexual sadeano em filmes pornográficos críticos da pornografia tradicional. Sendo assim, é interessante retraçarmos e considerarmos essas disputas e apropriações de Sade, de modo a termos uma compreensão melhor de sua relevância para a filosofia e arte contemporâneas.