O uso recorrente da metodologia do historiador inglês Quentin Skinner em trabalhos de teoria política no Brasil aparenta ser consensual e, portanto, isento de críticas, a despeito de sua relativa inadequação aos pressupostos metodológicos da Ciência Política do tempo presente. O artigo objetiva contrapor o método de Quentin Skinner para a análise da história das ideias políticas com o método de lógica situacional sugerido por Karl Popper, tendo como escopo escrutinar a utilidade de cada método para a Ciência Política, notadamente no campo da teoria política. Enquanto o método empregado por Skinner propõe o exame do contexto linguístico dos autores para tentar determinar os significados que atribuíam às suas próprias ideias e à sociedade do seu tempo, Popper sugere a adoção de um método diverso para o qual importa a análise objetiva da ação do ator no contexto social analisado sem desconsiderar seus efeitos ou consequências para as instituições. O argumento conclusivo é que o método proposto por Popper apresenta elementos constitutivos mais consentâneos com a pretensão da Ciência Política contemporânea de alcançar o status de ciência axiologicamente neutra cujos trabalhos são orientados empiricamente para a resolução pragmática de problemas, mesmo quando trata de teoria política ou de história das ideias políticas, bem como enfatiza o papel das instituições e suas “quase-ações” em cada contexto analisado.