O presente artigo tem por objetivo estabelecer um estudo comparativo entre os romances Zama (1956), do escritor argentino Antonio Di Benedetto (1922-1986), e O Rastro do Jaguar (2009), do escritor brasileiro Murilo Carvalho (1948), a partir do pensamento teórico-crítico de Mikhail Bakhtin (1895-1975), analisando a polifonia e a representatividade possibilitada pelas distintas vozes presentes em ambos os textos literários. Procura-se também, a partir de uma ótica dialógica, falar sobre a importância do resgate feito pelas obras selecionadas como corpus em relação aos povos originários, sufocados ao longo do tempo pela literatura canônica ocidental e pela historiografia oficial. Isso oferece uma visão alternativa sobre a participação dos indígenas na construção de identidades nacionais culturalmente distintas. Por fim, abordam-se alguns questionamentos sobre a fragmentação da identidade coletiva no âmbito do continente americano, fruto do embate discursivo, político e ideológico de enunciação entre dois mundos distintos: o universo do colonizador e do colonizado.
This article aims to establish a comparative study between the novels Zama (1956), by Argentine writer Antonio Di Benedetto (1922-1986), and O Rastro do Jaguar [The track of jaguar] (2009), by Brazilian writer Murilo Carvalho (1948), from the theoretical-critical thinking of Mikhail Bakhtin (1895-1975), analyzing the polyphony and the representativeness made possible by the different voices present in both literary texts. It is also sought, from a dialogical perspective, to talk about the importance of the rescue made by the works selected as a corpus in relation to the original peoples, suffocated over time by western canonical literature and official historiography. This offers an alternative in order to offer a alternative view on indigenous participation in the construction of culturally distinct national identities. Finally, some questions are raised about the fragmentation of collective identity within the scope of the American continent, as a result of the discursive, political and ideological clash between two distinct worlds: the universe of the colonizer and the colonized.