No campo de estudo do repertório infantil, sob um olhar histórico e teórico musical, o objetivo deste artigo é lançar luz sobre o universo brasileiro, com vistas a enunciar fundamentos pertinentes ao que sejam obras para, por e com crianças. A pesquisa é qualitativa, aplicada e exploratória, e seu procedimento predominante é estudo de caso, incluindo revisão bibliográfica, análise documental textual e análise musical. A peça O Navio Pirata (CARDOSO, 1981), contextualizada e analisada por meio da Ficha de Análise CDG (NUNES, 2012) é, aqui, considerada a mais representativa do assunto investigado, dentre as publicadas na coleção Música Brasileira para Coro Infantil, da Funarte (BRASIL, 1979). Os resultados evidenciaram nela componentes teórico-musicais abertos e indicações expressivas de caráter performático, subjacentes, inspiradoras, transgressoras e passíveis de ampliações por parte dos intérpretes. Conclui-se que peças musicais infantis precisam prever e acolher coautorias caleidoscópicas, por parte das crianças, em suas partituras.
In the field of studying the children's repertoire, under a historical and theoretical musical perspective, the objective of this article is to shed light on the Brazilian context, to enunciate pertinent foundations to what are works for, by and with children. This research work is qualitative, applied and exploratory, and its predominant procedure is a case study, including bibliographic review, textual and musical analysis. The piece O Navio Pirata (CARDOSO, 1981), whose contextualization and analysis were conducted by the CDG Analysis Model (NUNES, 2012), is here considered the most representative of the subject investigated, among those published in the collection Música Brasileira para Coro Infantil, from Funarte (BRASIL, 1979). The results showed open theoretical-musical components and expressive indications of performative character, which are underlying, inspiring, transgressive and susceptible to expansion, by the interpreters. In conclusion, children's musical pieces need to foresee and welcome kaleidoscopic co-authorship, by children, in their scores.