Este trabalho tem como objetivo explorar a relação entre psicologia empírica, antropologia e metafísica moral em Kant. Há lugar para a psicologia empírica e para aantropologia na filosofia moral kantiana? Se esta é fundamentada em princípios a priori, qual a validade, para além da mera curiosidade do erudito, do conhecimento das peculiaridades empíricas do ser humano? A segunda questão refere-se à relação que Kant estabelece entre psicologia empírica e antropologia e como ambas se relacionam com a filosofia moral. Vou tentar mostrar que esta relação passa por três momentos na obra kantiana: um primeiro momento, no qual Kant ensina psicologia empírica como parte da metafísica, seguindo o texto de Baumgarten, um segundo momento, cuja referência é a Fundamentação, corroborada pelas anotações de Mrongovius, onde a psicologia empírica e a antropologia são alheias à investigação do filósofo, e um terceiro, exemplificado pela Antropologia do Ponto de Vista Pragmático e pela Metafísica dos Costumes, onde uma concepção de natureza humana faz parte de uma metafísica da moral.