Este estudo pretende reconstruir algumas das principais estratégias de enfrentar a controversa posição de Kant em seu opúsculo Sobre o suposto direito de mentir por amor à humanidade, a saber, uma proibição incondicional da mentira, mesmo quando as consequências são catastróficas, buscando averiguar a pertinência dessas enquanto uma tentativa de melhor situar a ética de Kant diante das objeções avassaladoras dos críticos. Wood, por exemplo, defende que o opúsculo não trata de um dever ético, mas sim de um dever jurídico de não mentir, sustentando que a proibição da mentira no opúsculo não deriva do imperativo categórico, mas do princípio universal do direito. Korsgaard e Mahon afirmam que, independente da questão relativa ao tipo do dever em disputa entre Kant e Constant, o ponto é que não se segue da ética de Kant, ao menos em algumas das formulações do imperativo categórico uma proibição incondicional da mentira. Além disso, se defenderá que, a fim de evitar esse tipo de objeções a ética de Kant precisaria abandonar a distinção entre deveres de obrigação perfeita e deveres de obrigação imperfeita, uma vez que, mesmo que não seja uma disputa acerca de um dever ético, a classificação do dever de não mentir como um dever perfeito para consigo mesmo ou para com os outros implica sua incondicionalidade.
his study aims to reconstruct some of the main strategies toaddress the controversial position of Kant in his opusculum On the Supposed Right to Lie for the sake of Humanity, namely, an unconditional prohibition of lying, even when the consequences are catastrophic, seeking to ascertain the relevance such as an attempt to better situate the ethics of Kant in the face of overwhelming objections from the critics.Wood, for example, argues that the opusculum does not deal with an ethical duty, but a legal duty not to lie, claiming that the prohibition does not lie in the opusculum comes from the categorical imperative, but the universal principle of law. Korsgaard and Mahon argue that, regardless of the question for the type of duty in dispute between Kant and Constant, the point is that it does not follow the ethics ofKant, at least in some formulations of the categorical imperative of an unconditional prohibition of lying. In addition, it will defend itself in order to avoid such objections to Kantian ethics would need to abandon the distinction between duties of perfect obligation and duties of imperfect obligation, since, although not a dispute about an ethical duty, the classification of the duty not to lie as a perfect duty to oneself or to others signifies your unconditional.