O objetivo deste artigo é mostrar que, para além das notórias semelhanças na orientação gnoseológica básica, as principais teses e métodos críticos de Hilary Putnam em sua argumentação contra o “realismo metafísico”têm uma grande influência e analogia comas teses e estratégias argumentativas kantianas.Para começar, há uma analogia no caráter bifrontal da discussão que Putnam leva adiante contra o realismo metafísico e contra o relativismo cultural; com a dupla polêmica que o Idealismo Transcendental de Kant desenvolveu, por um lado, contra o realismo indireto de Descartes e Locke e, por outro, contra o idealismo subjetivo de Berkeley. Em segundo lugar, Putnam sustentará que o realismo metafísico e o relativismo cultural se irmanam porque, ao desconheceremas condições reais de construção e validação do conhecimento, pretenderão um falso apoio objetivo que, ao fracassar enquanto tal, remontaa ambas posições a adesão a explicações metafísicas infundadas. Analogamente, Kant resumirá seu duplo enfrentamento em um diagnóstico comum para seus dois contendores: falta de reconhecimento das condições epistêmicas do conhecimento. Por um lado, mostra as consequênciascéticas da análise de Hume e, por outro, procura mostrar as consequênciasidealistas que derivam da teoria newtoniana do espaço e do tempo.Como consequênciadisso, depois de analisar outras inovações gnoseológicas de Kant, proponho que, ao final deste artigo, estejamos em condições de derivar algumas observações metafilosóficas sobre certas modalidades gerais na evolução do pensamento filosófico.
The fundamental aim of this article is to show that, besides obvious similarities between Internal Realism and Trascendental Idealism, Hilary Putnam's main theses and critical methods in his argumentation against "metaphysical realism" have a great influence and analogy with some of Kantian theses and argumentative strategies. To begin with, there is an analogy in the discussion that Putnam takes forward against metaphysical realism and against cultural relativism, with the double polemic that Kant's Transcendental Idealism developed, on the one hand, against the indirect realism of Descartes andLocke and, in the other hand, against Berkeley's subjective idealism.Furthermore, Putnam is going to support that metaphysical realism and cultural relativism have a common problem because they ignore the conditions of construction and validation of knowledge. Both are going to support theirs claims on a false objectivity which, having failed as such, pulls down both positions to metaphysical unfounded explanations. Analogous, Kant is going to summarize his double debate in a common diagnosis for his two contenders: lack of recognition of the epistemic conditions of knowledge. On the one hand, he tries to show the skeptical consequences of Hume's analysis; on the other hand, he tries to show the idealistic consequences that stem from the Newtonian theory of space and time.As consequence of all this, after analyze other innovations in Kant ́s theory of knowledge,I propose that we should be able to derive some metaphilosophical observations on certain general modalities in the evolution of philosophical thought.