O artigopretendeindicar a conexão entrebelo natural e moralidade, nos termos abordados por Kant, na Crítica da Faculdade do Juízo. Trata-se de mostrar que o sentido ético assumido pelabeleza natural envolve a possibilidade da expressão da superioridade da razão em relação à sensibilidade, a partir da noção de desinteresse, a representação dasistematicidade do conhecimento da natureza, com base na ideia de livre jogo entreimaginação e entendimento,e a sugestão de um substrato suprassensível da natureza,por meio doalargamento do nosso modo de considerar a natureza. Quanto à remissão ao substrato suprassensível da natureza, será objeto do texto apontar as relações entre juízo estético e juízo telelológico, do ponto de vista da relação de ambos com a moralidade, em Kant.Assim, em que medida a ideia de sistematicidadepermeia a análise de belo natural e como uma investigação sobre o sentido moral que o mesmo possua envolve a questão do encontro entre a multiplicidade da intuição e a legalidade do entendimento, também presente na análise do juízo teleológico, será umdos temas privilegiados na exposição. Da mesma forma, comoo belo natural permite a analogia com a arte e em que medida isso implica ou nãoa pressuposição de uma intencionalidade externa à natureza, será objeto de discussão. Por fim, no cotejo entre juízo estético e teleológico, apontaremoscomo asnoçõesde organismo organizado e de causa final,causa essa requisitada pelo juízo reflexivo para explicar essas espécies naturais enquanto distintas dos mecanismos,autoriza a suposição de uma finalidade nas formas belas, o que possui certas consequências para alguns aspectos importantes da filosofia moral kantiana,as quais nos caberá expor.
This articleintends to indicate the connection between natural beauty and morality, under adressed by Kant, in the Critique of the Power of Judgment. It consists to show that the ethical sense assumed by the natural beauty involves the possibility of the expression of the reason’s superiority in relation to sensitivity, from the notion of disinterest, the representation of systematic knowledgeof nature, based on the idea of free play between imagination and knowledge, and the suggestion of a supersensible substrate of nature, through the extension of our way of looking at nature. As to the remission of the supersensible substrate of nature, itwill be object of this text point out the relations between aesthetic judgment and teleological judgment, by the point of view of the relation between these judgments with morality in Kant. Thus, in what extent the idea of systematicity permeates the analysis of the natural beauty and how the moral sense of this systematicity involves the issue of the encounter between the multiplicity of intuition and the legality of knowledge, also present in the analysis of teleological judgment,it will be one of the privileged themes on display. Similarly, as the natural beauty allows the analogy with art and in what extent this involves or do not involves the presumption of an external intentionality to nature, it will be the subject of this discussion. Finally, in the comparison between aesthetic and teleological judgment, we will point out how the notions of organized organism and final cause, causes that required by the reflective judgment to explain these natural species as distinct of mechanisms, authorizes the assumption of a finality in beauty forms, which has certain consequences for some important aspects of Kant's moral philosophy which we bottom to expose.