Esse trabalho evidencia que a noção de espaço em Kant está elaborada em estreita ligação com a polêmica sobre a natureza do espaço desenvolvida entre as concepções de pensadores modernos como Newton e Leibniz. A investigação discute se a natureza do espaço depende da relação dos objetos externos, ocasionando, por esta razão, sua configuração enquanto uma aparição advinda da sensibilidade, ou se sua natureza não apenas é independente destes objetos, mas, antes, a condição de possibilidade dos mesmos e, portanto, algo absoluto, universal e independente de toda a matéria. Essas duas teses antagônicas são debatidas a luz da Crítica da Razão Purae mais bem articuladas em duas exposições que fundamentam que a noção de espaço, além de uma intuição pura, deve ser, simultaneamente, a formasubjetiva de toda a intuição externa. Apenas depois destas formulações, é possível compreender a distinção empregada por Kant entre fenômenos e númenos, a cisão entre a filosofia e a ciência e, finalmente, a fundação do denominado idealismo transcendental.
This paper shows that the notion of space in Kant is developed in close connection with the controversy over the nature of space conducted around the conceptions endorsed by Newton and Leibniz. It discusses the nature of space 1) as dependent on the relations of external objects, where its configuration as an apparition arises from the sensibility and 2) as not only independent of these objects, but also as the condition oftheir possibility, and by those means as absolute, universal and independent of all matter. These two opposing theses are debated on the Critique of Pure Reasonand better articulated in two exhibitions that support the notion of space: besides a pure intuition, the space must be also the subjective form of all external intuition. Only after these formulations it is possible to understand 1) the distinction employed by Kant between phenomena and noumena; 2) the split between philosophy and science; and 3) the foundation of so-called transcendental idealism.