O potencial intersubjetivo e social da justiça em Kant

Kant e-prints

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ISSN: 1677-163X
Editor Chefe: Daniel Omar Perez
Início Publicação: 01/01/2002
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas

O potencial intersubjetivo e social da justiça em Kant

Ano: 2019 | Volume: 14 | Número: 1
Autores: F. J. G. de Lima
Autor Correspondente: F. J. G. de Lima | [email protected]

Palavras-chave: Kant, justiça social, normatividade, intersubjetividade.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este artigo objetiva demonstrar o potencial intersubjetivo e social da justiça em Kant. Trata-se  de  uma  leitura  que  não  concorda  com  as  interpretações  restritivas  da  filosofia  prática kantiana que a classificam como excessivamente formalista e subjetivista. Esse tipo de restrição é  encontrado  tanto  em  Hegel  quanto atualmente  na  Teoria  Crítica  como,  por  exemplo,  no Das Recht  der  Freiheit de  Honneth,  segundo  o  qual  a  concepção  de  justiça  de  Kant  não  passa  dos limites  de  um  monologismo.  Tais  leituras  de  matriz  hegeliana  obliteram  o  potencial  social, intersubjetivo,  e  de  participação  do  cidadão  na  esfera  pública  incluso  na  filosofia  jurídico-política  kantiana.  Indo  na  contramão  dessa  matriz,  tentarei  colocar  em  evidência  a  dimensão social  da  justiça  em  Kant  a partir  de  três  dimensões:  (i)  metafísico-transcendental,  baseada  na ideia   de   liberdade   inata   e   de   igualdade;   (ii)   ético-construtivista,   que   tem   por   conceito fundamental    a    autonomia;    (iii)    socioinstitucional,    embasada    no    Estado    de    direito, republicanismo,  assistência  social,  e  esfera  pública.  A  ideia  basilar  é  que  o  formalismo  e  o subjetivismo são apenas um estágio, mas não o todo da justiça kantiana.



Resumo Inglês:

This paper aims to demonstrate the intersubjective and social potential of justice in Kant. It is a reading that does not agree with the restrictive interpretations of Kantian practical philosophy that classify it as excessively formalistic and subjectivist. Such a restriction is found in both Hegel and now in Critical Theory, for example, in Honneth's Das Recht der Freiheit, according to which Kant's conception of justice is no more than the confines of a monologism. Such Hegelian matrix readings obliterate the social, intersubjective, and citizen potential in the public sphere included in the Kantian legal-political philosophy. Going against this matrix, I will try to highlight the social dimension of justice in Kant from three dimensions: (i) metaphysical-transcendental, based on the idea of innate freedom and equality; (ii) ethical-constructivist, whose fundamental concept is autonomy; (iii) socio-institutional, based on the rule of law, republicanism, social aid, and public sphere. The basic idea is that formalism and subjectivism are only one stage, but not the whole of Kantian justice.