Por muitos anos, ensinar inglês na escola foi - e, em muitos contextos, ainda é - sinônimo de focar em regras e exercícios desconectados de contextos significativos. Isso, dentre outros fatores, alimentou diversas crenças ao longo dos anos a respeito do processo de ensino e aprendizagem desse idioma (BARCELOS, 2007; 2011), fazendo com que tanto professores quanto alunos deixassem de acreditar na possibilidade de aprender a língua no ambiente escolar regular e passassem a delegar essa tarefa aos cursinhos de idiomas (SCHLATTER, 2009). Nessa perspectiva, surge a necessidade de revisitar essas crenças e as práticas pedagógicas, buscando novas formas de proporcionar aos aprendizes oportunidades de aprenderem a língua inglesa, e não apenas sobre ela, considerando, entre outros, o contexto em que vivem e os multiletramentos necessários nos dias atuais. Esta apresentação, então, discute como a Pedagogia dos Multiletramentos pode ressignificar a compreensão de professores sobre o ensinar hoje e como avaliar toma um novo significado a partir dessa perspectiva. Assim, propõe-se que os “meros letramentos”, os quais fundamentam um ensino de língua mais focado em regras (CAZDEN et al., 1996), sejam substituídos pelo trabalho com a diversidade linguística, cultural e tecnológica que a contemporaneidade demanda, e que este propicie uma avaliação não tanto da aprendizagem dos estudantes, mas para que ela aconteça. Assim, valoriza-se seu desempenho em tarefas com os variados modos semióticos. Pensar nessa possibilidade envolve diversos desafios e muito trabalho, pois torna-se preciso uma mudança de mentalidade em relação às próprias crenças e práticas. Avaliar, então, abrange mais do que verificar o que os alunos acertaram ou erraram em testes que lhes dão apenas notas. Em termos práticos, envolve observar as interações, as colaborações dos alunos em grupos, a criatividade, a conclusão de projetos, a capacidade de manipular diferentes tipos de textos e fazer remixagens com eles, interpretar de forma crítica as informações que leem e compartilham em redes sociais, deixando de ser simples expectadores ou “[...] usuários funcionais de textos, ferramentas e práticas letradas” (FETTERMANN; PEREIRA, 2017, p. 194; ROJO; MOURA, 2012). Tudo isso pode contribuir para fomentar a criação de sentidos pelos estudantes nas aulas de inglês. A língua, dessa forma, deixa de ser um fim e se torna um meio, servindo para a vida real, não apenas para um curto período de 45 ou 50 minutos em sala de aula.