Este artigo insere-se na discussão sobre o ensino e aprendizagem
das línguas bantu e da língua portuguesa. Com a independência em 1975,
Moçambique tornou o português língua oficial para o ensino. Em 2003, com o
Plano Curricular do Ensino Básico, o país incluiu as línguas bantu no ensino
básico pela primeira vez. Apesar dessa política linguística, Ngunga e Bavo
(2011) constataram que, em 2007, ainda havia escolas que proibiam o uso das
línguas bantu. Diante desse cenário que demonstra certa hostilidade histó-
rica ao uso das línguas bantu, questionamos aos professores em formação
universitária se o ensino das línguas bantu prejudicaria a língua portuguesa.
Tivemos como objetivo analisar as imagens de língua presente no discurso
desses professores. Teoricamente nos inspiramos nas formações imaginárias
de Pêcheux (1993). Observamos que nos discursos proferidos pelos professores
ainda há imagens de línguas que podem ser associadas a formações discursivas
coloniais. Esses discursos carregam a imagem de que pode haver prejuízo
no ensino das línguas bantu caso ele não esteja atrelado à aprendizagem do
português. Ao mesmo tempo constatamos a circulação de discursos que se
contrapõem a imagem de que as línguas bantu prejudicariam o ensino da
língua portuguesa. Tais discursos consideram que o ensino das línguas bantu podem atuar como:
a) suporte para a aprendizagem do português. b) meio para a resolução dos problemas escolares;
c) meio de valorização cultural. No discurso dos professores, também observamos a imagem de
língua que coloca as línguas bantu em paridade com as línguas europeias.
This paper is part of the discussion on teaching and learning the Bantu and Portuguese
languages. With independence, Mozambique made Portuguese the official language for teaching.
In 2003, with the Basic Education Curriculum Plan, the country included Bantu languages for the
first time. Despite this language policy, Ngunga and Bavo (2011) found that in 2007, there were still
schools that prohibited the use of Bantu languages. In view of this scenario that demonstrates a
certain historical hostility to the use of Bantu languages, we asked teachers in training if teaching
Bantu languages would harm the Portuguese language. Our aim was to analyze the language images
present in the speech of these teachers. Theoretically we are inspired by the imaginary formations
of Pêcheux (1993). We observed that in the speeches given by the teachers there are still images
of languages that can be associated with colonial discursive formations. These speeches carry the
image that there may be a loss in the teaching of Bantu languages if it is not linked to learning
Portuguese. At the same time, we noticed the circulation of speeches that oppose the image that
the Bantu languages would harm the teaching of the Portuguese language. Such speeches consider
that the teaching of Bantu languages can act as: a) support for learning Portuguese. b) means for
solving school problems; c) cultural appreciation. In the teachers’ discourse we also observe the
language image that puts Bantu languages on par with European languages.