Memória e violência compõem a tessitura de toda escrita da história. A complexa tarefa que é criar um senso de proximidade tangível do passado ao evidenciar as distâncias intransponíveis que o separam do presente raramente ocorre sem que sejam mobilizadas. A performance epistemológica de ambas na formulação de um pensamento histórico ocorre mesmo quando não figuram como objetos de estudo: polissêmicas e heterogêneas, ambas nomeiam um variado rol de ocorrências sociais, culturais, éticas e linguísticas que afetam uma narrativa histórica em numerosos níveis. À guisa de uma introdução ao dossiê temático “Memórias de Sangue: recordar a violência, escrever a história”, este texto apresentará alguns apontamentos sobre o alcance e as implicações historiográficas desse binômio.