O objetivo deste artigo é analisar a narrativa sobre a Segunda Guerra Mundial nos testemunhos de Wilhelm Keitel durante o Julgamento de Nuremberg (1945-1946). O nazismo, por ser um regime embasado em uma ideologia que prevê a luta de raças e o imperativo da lei do mais forte, tem a guerra não como um desvio, e sim, como uma parte fundamental de seus princípios. Sendo assim, como Keitel, um general, marechal de campo, chefe de comando das Forças Armadas e conselheiro militar de Hitler, enxergava a guerra? O que significou, para esse homem, a obediência e a lealdade à nação e ao exército? Suas narrativas concedidas ao psiquiatra Leon Goldensohn na prisão de Nuremberg nos auxiliam a compreender a relação direta entre o mito da raça ariana corporificado no Führer e a necessidade da atuação expansionista dessa raça, que culminou em políticas desumanas de violência e de “limpeza” racial nos países ocupados.
The purpose of this article is to analyze the narrative about the Second World War in the testimonies of Wilhelm Keitel during the Nuremberg Trials (1945-1946). Nazism, being a regime based on an ideology that predicts the struggle of races and the imperative of the law of the strongest, has war not as a diversion, but as a fundamental part of its principles. So how did Keitel, a general, field marshal, commander of the armed forces, and Hitler's military adviser, view the war? What did obedience and loyalty to the nation and the army mean to this man? His narratives given to psychiatrist Leon Goldensohn in Nuremberg prison help us to understand the direct relationship between the myth of the Aryan race embodied in the Führer and the need for the expansionist performance of that race, which culminated in inhumane policies of violence and racial “cleansing” in the occupied countries.