No ano de 2016 o cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para o culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos no Vaticano, emitiu um decreto no qual, segundo a vontade do Papa Francisco, estabeleceu-se que a memória litúrgica da santa Maria Madalena fosse elevada a Festa. A celebração festiva da personagem como santa, é mais uma etapa de um longo processo, no qual sua imagem foi constantemente ressignificada. Partindo do século I (momento no qual é inserida nas narrativas dos Evangelhos) percebemos que estereótipos distintos serviram para descrevê-la e defini-la. Era moldada conforme a conveniência. Sendo assim, o decreto do Vaticano, emitido vinte séculos depois do primeiro registro da personagem, instiga nossa reflexão. Faz-nos pensar sobre a perenidade e relevância da presença da personagem no imaginário eclesiástico. A partir da análise desse documento, algumas questões podem ser fomentadas: Como a personagem foi caracterizada durante esse longo percurso? Qual o significado e importância desse decreto no século XXI? Por que essa personagem continua sendo considerada como paradigma? A admissão de Madalena como modelo de conduta para mulheres, aponta para quais mudanças, suscita quais expectativas?