Nas últimas décadas, tem-se observado uma forma de violência escolar, com características específicas, denominada bullying, definida como uma intimidação psicológica ou física, intencional e reincidente, dirigida a uma pessoa vista como frágil por seus agressores. A escola parece contribuir com a existência dessa forma de violência ao reforçar hierarquias classificatórias, como é visto na dupla hierarquia definida por Adorno. O artigo objetivou entender a percepção dos docentes sobre o bullying, analisando a definição atribuída por eles, como identificam os casos e como caracterizam o perfil dos alunos que ocupam o papel de vítimas e agressores. As análises foram realizadas por meio das entrevistas com os professores de escolas públicas e dos questionários aplicados aos estudantes das turmas selecionadas. Percebeu-se a inexistência de uma clareza conceitual sobre o bullying e, em alguns casos, uma relativização das situações identificadas como algo comum ao cotidiano escolar ou visto como brincadeira pelos professores. Parte desses resultados encontrou similaridade com os dados quantitativos provenientes do questionário aplicado aos alunos. Entende-se que o ambiente educacional é parte da sociedade global e acaba sendo (re)produtor de violência.
In the last decades, there has been observed a form of school violence, with specific characteristics, called bullying, defined as a psychological or physical intimidation, intentional and repeated, directed at a person seen as fragile by his aggressors. The school seems to contribute to the existence of this form of violence by reinforcing classificatory hierarchies, as seen in the double hierarchy defined by Adorno. Thearticle aimed to understand the teachers perception of bullying, analyzing the definition attributed by them, how they identify the cases and how they characterize the profile of students who play the role of victims and aggressors. The analyzes were performed through interviews with public school teachers and questionnaires applied to the students in their selected classes. It was noticed the lack of conceptual clarity about bullying and, in some cases, a relativization of the situations identified as something common to the school routine or seen as a joke by the teachers. Part of these results found similarity with the quantitative data generated by the questionnaire applied to the students. It is understood that the educational environment is part of the global society and ends up being (re)producer of violence.