O presente artigo busca discutir como o simbolismo de Marielle Franco pode contribuir para a transformação teórica das Relações Internacionais (RIs). Para isso, faremos uma reflexão sobre a trajetória política de Marielle Franco, uma mulher negra, LGBTQIA+, socióloga, vereadora e militante feminista antirracista, associando a sua figura ao debate teórico e político de Relações Internacionais, por meio dos conceitos de raça e gênero. A pergunta que guia esta pesquisa é: como a figura de Marielle Franco se relaciona à transformação teórica das RIs? Para responder tal questionamento, será realizada uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório, orientada por teorias críticas das Relações Internacionais. Nosso argumento central é que o simbolismo de Marielle Franco representa a urgência em pluralizar e transformar a disciplina, conectando teoria e política e descentralizando o seu foco de análise centrado no Estado para a incorporação de atores múltiplos e de perspectivas outras, que pensam o internacional a partir “de baixo”. Deste modo, relacionar Marielle às RIs nos guia para uma nova visão de mundo, na qual a agência de corpos historicamente marginalizados e silenciados é incorporada à realidade internacional.
This article aims to discuss how Marielle Franco’s symbolism can contribute to the theoretical transformation of International Relations (IR). Therefore, we will reflect on the political trajectory of Marielle Franco, a black woman, LGBTQIA+, sociologist, city councilor, and anti-racist feminist activist, associating her figure to the theoretical and political debate on International Relations through the concepts of race and gender. The question that guides this research is: how does the figure of Marielle Franco relate to the theoretical transformation of IR? To answer this, qualitative and exploratory research will be conducted, guided by critical theories of International Relations. Our central argument is that the symbolism of Marielle Franco represents the urgency to pluralize and transform the discipline, connecting theory and politics and decentralizing its state-centered analytical focus to the incorporation of multiple actors and other perspectives that think the international "from below”. In this way, relating Marielle to IR guides us towards a new worldview, in which the agency of historically marginalized and silenced bodies is incorporated into the international reality.