O mapeando o corpo é uma abordagem/prática sobre o corpo vinda da cognição incorporada largamente utilizada na neurociência e na psicanálise. No entanto, há vestígios vigorosos que demonstram que esta abordagem específica de mapeamento corporal, se associada aos (des)envolvimentos da performance, pode oferecer proposições instigantes para desdobrar possibilidades de representação dos afetos e da partilha do sensível nos processos de criação de obras artísticas. Aqui exploraremos dois casos para análise do mapeando: utilizado como ponto de partida investigativa e temática sob o olhar da criadora sul-africana Sara Matchett na performance Washa-Mollo (2009) e Walk: South Africa (2013); e como instrumento dialógico para a partilha do sensível e para a criação de relações comunitárias na experiência do projeto Volume 44, coordenado pela antropóloga luso-moçambicana Elsa Oliveira. Por sua natureza cartográfica, o mapeando o corpo facilita a arqueologia corporal desvendando topografias simbólicas, possibilitando o acesso à um tipo de registro sistêmico: a dos arquivos corporais ligados à materialidade e à imaterialidade do(s) corpo(s) engajados em criação.
The body mapping is an approach/ practice about the body coming from the embodied cognition studies widely used in neuroscience and psychoanalysis. However, there are strong traces demonstrating that this specific approach of mapping the body associated with performance studies, may offer compelling propositions to unfold representations of the affections and possibilities of sharing the sensitive in the creative processes. Here, we explore two cases of the body mapping: used as a starting point for thematic research under the gaze of the South African director Sara Matchett in the performance Washa Mollo (2009) and Walk: South Africa (2013); and as a dialogic tool for sharing the sensitive and building community in the project Volume 44, coordinated by the PortugueseMozambican anthropologist Elsa Oliveira. For its cartographic nature, the body mapping facilitates the archaeological register and the creation of a symbolic body topography, allowing access to a kind of systematic register: that of the body archives linked to the history of its material and immaterial representations of body(ies) engaged in creative processes.