No design de moda, as t-shirts sempre foram suportes políticos, ideológicos, de rebeldia e de ironia, como nas criações da estilista Katharine Hamnett ou nas estampas criadas para as bandas The Who e Oasis, por Ben Sherman e outros. É possível, que o designer belga Martin Margiela se interesse em certa espécie de provocação, e suas roupas estampadas de letras estimulem leitores a decifrar textos e signos, como se fossem uma carta, um recado para um destinatário. A simultaneidade de imagem e texto presente na obra de Margiela é muito comum na literatura, mas o sistema que ele utiliza é o da moda. Suas investigações em superfícies possibilitaram a ele conhecer profundamente a ergonomia e as propriedades têxteis, a experimentar espaço e tempo, letra e imagem em um só gesto. Em uma de suas roupas, por exemplo, percebe-se que se trata de uma reprodução fiel – um clone – do corpo de um manequim. Nada se perde na cópia, assim, o molde para a roupa torna-se a roupa, criando uma ilusão entre o objeto/manequim e sua imagem/vestimenta.