Este artigo traz a discussão acerca de uma proposição para o ensino/aprendizagem de arte fundamentada na ideia de se provocar estranhamentos como estratégia para, entre outras questões, aguçar a percepção e alimentar discussões acerca da arte. O ponto de partida para a elaboração desta proposta foi um incômodo provocado por inscrições na parede de uma igreja - durante uma viagem a Ouro Preto (MG) – que se revelou potente para desencadear o que Paulo Freire chama de curiosidade epistemológica. Ou seja, algo que nos instigue tende a gerar questões e catalisar a construção de sentido para o processo de aprendizado. Na busca por referências que pudessem trazer pistas para refletir sobre a relação entre o estranhamento provocado por algumas imagens com as quais nos deparamos no nosso cotidiano e os processos de construção de conhecimento em arte, a discussão ganhou corpo com a ideia de curto-circuito de Jacques Rancière, em diálogo com as proposições de educação crítica e problematizadora de Paulo Freire, bell hooks e Ana Mae Barbosa e ainda com as concepções de arte urbana de Vera Pallamim.
This article discusses a proposition for teaching / learning art based on the idea of causing strangeness as a strategy to, among other issues, develop the perception and increase discus-sions about art. The starting point for the elaboration of this proposal was a discomfort caused by inscriptions on the wall of a church - during a trip to Ouro Preto (MG) - which proved to be potent to unleash what Paulo Freire calls epistemological curio-sity. In other words, something that instigates us tends to gene-rate questions and catalyze the construction of meaning for the learning process. Seeking for references that could bring clues to find a relationship between the strangeness caused by some images that we encounter in our daily lives and the processes of knowledge construction in art, the discussion was fomented by the idea of Jacques Rancière’s short circuit, in dialogue with the critical and problematizing education propositions of Paulo Freire, Bell Hooks and Ana Mae Barbosa, in addition to Vera Pallamim's urban art conceptions.