A partir da observação de um breve acontecimento após uma das performances da Cia de Dança Teatro Xirê para público formado por crianças de 2 a 6 anos, o presente artigo propõe a reflexão sobre os processos formativos postos em jogo no modo como a Cia concebe a dança contemporânea para a fruição de crianças. Considerando a trajetória de vinte anos da Cia Xirê, tomando o olhar da criança como o principal balizador de suas investigações e construções poéticas, o texto questiona a posição de aprendiz a que estão, em geral, submetidas as crianças nos processos criativos a elas direcionados, e sugere uma inversão, ou, ao menos, uma mudança de estatuto nas dinâmicas formativas implicadas na fruição artística contemporânea por parte do público por elas formado.