As tecnologias de informação e comunicação romperam com muitos paradigmas da modernidade, em especial ao inaugurar uma nova esfera pública produzida por uma sociedade em rede. As pessoas passam a interagir muito mais no meio virtual do que no meio real. Tais mudanças trazem muitos pontos positivos, como a capacidade de desterritorialização, a transmissão global de informações em tempo real e as facilidades no seu acesso. Não se usa mais da ideologia e seu convencimento através do argumento persuasivo, mas sim da imagem, do magnetismo e da fascinação produzida pelos meios virtuais, formando e conformando a opinião pública a partir desta nova esfera pública virtual. Porém, a desterritorialização provocada pela internet favorece a imobilidade dos indivíduos e a desilusão com o envolvimento social. Vive-se uma época de perda da experiência do coletivo, onde não é mais necessário encontrar-se presencialmente com o outro e buscar alternativas aos problemas sociais a partir de um diálogo aberto, plural, isonômico, livre de coerções e coações. Os algoritmos utilizados pelas novas tecnologias de comunicação e informação selecionam as notícias e acontecimentos a partir do interesse do usuário, o que favorece o desenvolvimento de posições extremistas e fechadas ao dissenso. E quando se pensa esta realidade aplicada à educação, por meio da internet os alunos possuem um “mundo” de informação a sua disposição, e a grande dificuldade se mostra, hoje, em selecionar e qualificar o que está disponível na web. Identificar o que é verdadeiro e o que é falso, o que tem qualidade e o que carece de fontes confiáveis. A partir desta constatação parte a problemática desta pesquisa, que pelo método hipotético-dedutivo pretende verificar como os mecanismos democráticos podem ser afetados pelas novas tecnologias de informação e comunicação, as quais podem prejudicar o conhecimento e até mesmo manipulá-lo, dissuadindo a verdade e induzindo ao engano. E nesse contexto, as novas tecnologias e abordagens pedagógicas estão transformando o papel do professor em sala de aula, que cada vez mais passa a ser um mediador, um guia no processo de ensino e aprendizagem dos alunos, os quais em uma sociedade complexa deverão ser muito mais proativos do que no passado. É importante que as faculdades tenham disciplinas específicas que possibilitem a formação da consciência crítica e a compreensão dessa realidade que é imposta pela cultura atual: aprender a desmistificar as informações divulgadas de maneira massiva e acrítica pelas redes sociais. Aumentar canais de diálogo, de interface entre as disciplinas, de encontro com o outro, que é diferente e tem pensamentos diversos aos seus e, aos poucos, retomar algo que nunca deveria ter sido perdido: o gosto pelo debate de ideias, pela multiplicidade de pensamentos e pelo encontro em meio a tantos desencontros. Desenvolver uma educação para a pluralidade, para a solidariedade e para o sentido de pertencimento, que é realmente o que desenvolve a cidadania.