Smart cities e o outro lado da moeda: a sociedade de vigilância

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ISSN: 2675-7087
Editor Chefe: Emerson Gabardo; Alexandre Godoy Dotta
Início Publicação: 30/04/2020
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Exatas, Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas

Smart cities e o outro lado da moeda: a sociedade de vigilância

Ano: 2021 | Volume: 2 | Número: 1
Autores: Ana Cristina Aguilar Viana, Bárbara Mendonça Bertotti
Autor Correspondente: Ana Cristina Aguilar Viana | [email protected]

Palavras-chave: smart cities, novas tecnologias, vigilâncias, privacidade, segurança

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

As cidades inteligentes (smart cities) são concebidas como modelos inovadores de construção urbana e de prestação de serviços. Por meio do uso estratégico e interconectado de diversas tecnologias, busca-se utilizar ferramentas avançadas de modo ótimo no desenvolvimento de sociedades conectadas, mais seguras e mais inteligentes. O outro lado da moeda, contudo, reside na cara discussão da revolução tecnológica do limite entre privacidade e segurança, isto é, até que ponto as pessoas, ao se exporem e serem expostas, têm sua privacidade garantida. Fator que contribui para essa deliberada exposição é a disseminação da cibercultura, a partir de uma gradual dissolução dos limites sociais entre lugares reais e ciberespaços. O comunicado, por meio do método exploratório, identifica os mecanismos empregados no desenvolvimento das cidades inteligentes, por meio dos seus dispositivos tecnológicos e modo de uso. A pesquisa revela que para que a cidade possa se conectar de modo intuitivo é essencial a extração de dados, que pode se dar das mais diversas maneiras, sendo a grande maioria produzidos pelos próprios sujeitos. Geolocalização (circulação pelo espaço urbano ligada a sistemas de GPS - no celular, no automóvel ou em outro dispositivo), usos das pessoas na internet (compras feitas com cartões de banco, declarações de impostos, login em e-mails e outros sites que solicitam cadastros, comportamentos em redes sociais - curtidas, compartilhamentos, interações), objetos inteligentes por elas utilizados, microfones, dispositivos de biometria (reconhecimento facial, leitor de íris, sensor de impressão digital, comando por voz), drones, câmeras de monitoramento, além de extração de dados residuais. Ainda, é imprescindível o uso de grande quantidade de dados (Big Data). Isso porque quanto mais dados se resgata, melhor fica a conexão entre as tecnologias, e assim, melhores chances existem de incrementar a inteligência e segurança de uma smart city. Esses modelos exploram técnicas preditivas, de manipulação e antecipação de comportamentos, resultando no que Shoshanna Zuboff chama de capitalismo de vigilância. Os resultados mostram que a cidade inteligente precisa, para não se tornar um Big Brother orweliano, lidar de maneira crítica com o modo de uso de dados das pessoas. Conclui-se, tal como a máxima de Benjamin Franklin, que uma sociedade que opta por conceder sua privacidade em nome da segurança, pode ficar sem nenhuma das duas.