A partir da década de 1970, com a ascensão do movimento feminista, inicia-se uma reflexão sobre a relação entre ciência e gênero (LÖWY, 2009: 40) que é ilustrada na arqueologia, primeiramente, com a publicação de “Archeology and the study of gender” que traz como questionamento as problemáticas do androcentrismo nas narrativas arqueológicas (CONKEY; SPECTOR, 1985). As arqueologias de gênero e feminista vêm questionando as naturalizações dos gêneros nas interpretações dos registros arqueológicos e como a própria arqueologia contribui, em certa medida, para a perpetuação de um imaginário popular no qual as mulheres são colocadas em uma posição de vulnerabilidade enquanto os homens são lidos como os provedores. Entretanto, por mais que as produções das arqueologias de gênero e feminista estejam aumentando gradativamente as discussões sobre o papel das mulheres no passado, ainda existem poucos estudos que visam desnaturalizar uma masculinidade hegemônica na interpretação dos registros arqueológicos. Nesse sentido, num primeiro momento faço uma breve contextualização do surgimento das arqueologias de gênero e feminista e, após isso, trago algumas indagações a respeito das construções de masculinidades ocidentais modernas e como essas construções são realizadas desde a infância através da cultura material, inclusive nas materialidades apresentadas nas mídias virtuais. Para isso, utilizarei de alguns exemplos pessoais que dialogam com as argumentações que serão desenvolvidas ao longo do artigo.