Editorial / Dossiê Temático
por Juliana Alves Mota Drummond, Marcos Machado Chaves, Thales Branche Paes de Mendonça, Vinícius Assunção Albricker e Wânia Storolli
Abrir. Foi com este verbo que abrimos a chamada para a submissão de artigos a este dossiê. Abrir no sentido de facilitar o encontro de ideias, pensamentos e práticas sobre o que diz respeito aos estudos vocais e musicais nas artes da cena. Abrir no sentido de expandir e permitir fluir reflexões que muitas vezes não encontram oportunidade de afluir para além das fronteiras das inestimáveis experiências artísticas, estéticas e pedagógicas. Abrir também como verbo do somar e do multiplicar, afinal, quando abrimos vozes no discurso musical, sucede-se a justaposição de frequências e criam-se harmonias, somam-se vibrações. Abrir vozes é também multiplicar as possibilidades perceptivas e abrir espaço para perspectivas múltiplas e diversas. Abrir no gerúndio, abrindo, para enfatizar que se trata de uma ação em processo. Vozes e musicalidades, no plural, para evidenciar a multiplicidade poética, estética, social, filosófica e pedagógica que as pesquisas fundadas na interação voz e musicalidade são capazes de suscitar. Eis então o título deste número: Abrindo Vozes e Musicalidades.
Propusemos essa abertura e, atendendo às expectativas, recebemos trabalhos que consideramos contribuir substancialmente com as discussões sobre as relações entre voz, música, cena e performance. Recebemos trabalhos com diversificados recortes conceituais e perspectivas metodológicas, textos que nos possibilitam ampliar o olhar sobre os quatro eixos temáticos propostos: a musicalidade vocal na arte do teatro; a teatralidade vocal na arte da música; as potencialidades criativas da voz em diferentes linguagens artísticas e manifestações culturais; as musicalidades e/ou sonoridades como voz em cena. São textos que revelam uma escrita tanto poética quanto acadêmica, trabalhos que alçam a voz humana, com todas as suas potências artísticas, à condição de protagonista das reflexões sobre o fazer cênico e musical. Inclusive, alguns textos contribuem explicitamente com as discussões sobre esse tema no atual mundo da pandemia.
O conjunto dos textos aqui publicados perpassa por abordagens pedagógicas, historiográficas, críticas, poéticas, estéticas, éticas, técnicas, psicotécnicas, filosóficas, sociais, políticas, investigativas e conceituais do campo de pesquisa da articulação de voz, música, cena e performance. A diversidade de enfoque pode instigar a experiência com novos sabores, sabores que estimulam o desejo de saber e o prazer de aprender algo novo. Esta equipe editorial teve o privilégio de saborear esse banquete de saberes de forma inaugural. Agora, a fim de que esse prazer seja compartilhado com o mundo, é com entusiasmo que oferecemos ao público leitor este dossiê, um banquete para quem tem apetite de abrir vozes e musicalidades.