O presente artigo tem como objetivo apresentar narrativas elaboradas por dois estudantes xakriabá –os irmãos Célia Xakriabáe Edgar Kanaykõ -sobre suas trajetórias acadêmicas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Egressos do curso de Formação Intercultural para Educadores Indígenas (Fiei), os interlocutores tecem considerações a respeito de seus percursos formativosna primeira turma da licenciatura indígena (2009-2013). Tomo como base suas trajetórias individuais para trazer reflexões sobre como tem sido percebida a presença indígena na Universidade. A orientação metodológica ampara-se na história oral, uma vez que os relatos foram elaborados a partir da organização idiossincrática das memórias pelos sujeitos históricos sobre suas trajetórias acadêmicas. Dá-se ênfase nas experiências individuais explorando uma abordagem etnobiográfica (Gonçalves, Marques e Cardoso, 2012). Ademais, o registro das narrativas foi realizado nos anos 2015 e 2016 e por esse motivo, em retrospecto, os relatos pautaram os desafios enfrentados e as estratégias adotadas pelos estudantes ao inserirem-se no espaço acadêmico e a ausência de um programa específico do governo (como o Programa Bolsa Permanência/ MEC) para subsidiar a permanência dos estudantes na Universidade. Ao trazer vozes que falam de um passado recente sobre uma conjuntura diferente da vivida atualmente pelos estudantes indígenasbrasileiros, o artigo pretende trazer contribuições para se pensar em que medida os desafios enfrentados antes do Programa Bolsa Permanência apresentam continuidades e descontinuidades em relação à contemporaneidade.
This article aims to present narratives elaborated by two Xakriabá students –brothers Célia Xakriabá and Edgar Kanaykõ –about their academic trajectories at the Federal University of Minas Gerais (UFMG). Graduates of the Intercultural Training course for Indigenous Educators (Fiei), the interlocutors make considerations about their formative paths in the first class of the indigenous degree (2009-2013). I base their individual trajectories to bring reflections on how the indigenous presence at the University has been perceived. The methodological orientation is based on oral history, since the reports were elaborated from the idiosyncratic organization of memories by historical subjects about their academic trajectories. Emphasis is placed on individual experiences exploring an ethnobiographical approach (Gonçalves, Marques and Cardoso, 2012). Moreover, the recording of the narratives was carried out in the years 2015 and 2016 and for this reason, in retrospect, the reports guided the challenges faced and the strategies adopted by the students when inserting themselves in the academic space and the absence of a specific government program (such as the Permanence Scholarship Program / MEC) to support the permanence of students in the University. By bringing voices that speak of a recent past about a different conjuncture from that currently experienced by Brazilian indigenous students, the article intends to bring contributions to think about the extent to which the challenges faced before the Permanence ScholarshipProgram present continuities and discontinuities in relation to contemporaneity.