No início do século XX, as ciências exatas ganharam notoriedade em Portugal por meio do seu papel como “ciência ao serviço da nação”. No caso da academia da cidade do Porto, a valorização das “artes químicas” cruza-se com a nova metodologia de ensino ministrada na Academia Politécnica do Porto e os trabalhos de segurança alimentar no recente Laboratório Químico Municipal do Porto. Um dos mais famosos ecos desta disposição revela-se no papel central da academia no desfecho de uma importante disputa comercial entre Portugal e o Brasil (1885-1905). A questão da salicilagem dos vinhos do Porto, que em muito prejudicou as exportações de vinho portuguesas para o território brasileiro, apenas se começa a desvanecer depois da intervenção dos trabalhos científicos de António Ferreira da Silva, académico e químico portuense. Este é um dos raros casos em que a construção do conhecimento científico sobre métodos analíticos tem influência central na resolução de uma disputa comercial na Europa do século XIX.