O artigo apresenta as bases conceituais para uma articulação entre tecnologias e humanos no contexto dos processos comunicacionais e cognitivos contemporâneos. Desde 2007, os autores investigam as competências cognitivas desenvolvidas nas vinculações com mídias digitais e produtos culturais. Os achados dessas investigações (REGIS et al., 2009) revelaram que as competências da comunicação contemporânea não se reduzem ao conceito clássico de cognição como processo analítico e intelectual, uma vez que envolvem, de maneira integrada, corpo, afetos e sociabilidade. A importância do corpo e das intensidades afetivas nas práticas de comunicação digital levantou a questão sobre de que modo corpo, tecnologia e afetos (fatores não conscientes) interferem nos processos mentais conscientes. Para contribuir com essa questão, o presente artigo propõe uma base teórica — denominada “virada afetiva na comunicação” — que se sustenta sobre as contribuições da cognição atuada, da teoria dos afetos e do lúdico. Essa base teórica foi formulada a partir de reflexões teóricas e pesquisas empíricas em escolas que permitiram observar a centralidade do corpo e dos afetos nessas vinculações cotidianas com produtos culturais multimídia e concluir que essa virada afetiva da comunicação contemporânea requer a construção de metodologias ativas de ensino-aprendizagem na educação formal e não formal.
The paper presents the conceptual bases for an articulation between technologies and humans in the context of contemporary communicational and cognitive processes. Since 2007, the authors have investigated the cognitive competences developed in attachments with digital media and cultural products. The findings of these investigations (REGIS et al., 2009) revealed that the competences of contemporary communication are not reduced to the classic concept of cognition as a merely analytical and intellectual process, as they involve, in an integrated manner, the body, affects and sociability. The importance of the body and affective intensities in digital communication practices raised the question of how body, technology and affects (non-conscious factors) interfere in conscious mental processes. To contribute to this question, this article proposes a theoretical basis — called the affective turn in communication — which is based on the contributions of enaction, affect theory and ludic theory. This theoretical basis was conceived on theoretical reflections and empirical research in schools that allowed us to observe the centrality of the body and affects in these daily attachments with media cultural products and conclude that this affective turn of contemporary communication requires the construction of active teaching and learning methodologies in formal and non-formal education.