A Educação Física é uma área híbrida que congrega, na mesma proporção, saberes oriundos das ciências naturais e das ciências humanas, sem contar o frutífero diálogo que ela estabelece com o campo da Arte, sobretudo com as linguagens da Dança e da Música. Como qualquer outra área do conhecimento, a Educação Física orienta-se pelo princípio da indissociabilidade previsto no artigo 207 da Constituição Federal, desenvolvendo ações de ensino, pesquisa e extensão. Todavia, ela parece ter uma “vocação nata” para conceber, executar e gerir ações de extensão universitária, sobretudo quando ultrapassa as limitações do recorte “atividade física” e assume a sua longa tradição lúdica e estética presente no fenômeno da “cultura corporal” ou “cultura de movimento”. É no jogo físico-corporal e através desse jogo, seja pelo esporte, pela dança, pela ginástica, pelo circo ou pela capoeira, que a Educação Física recupera a sua potência enquanto formação cultural ou Bildung, um processo pedagógico altamente dinâmico e profundamente estético, no sentido filosófico. As ações extensionistas de Educação Física emponderam-se quando alinhadas aos princípios e objetivos propostos pelo Plano Nacional de Cultura o que não se efetiva quando permanecem subjugadas à lógica da “prescrição de exercícios”. As práticas corporais, carro-chefe da Educação Física, são caminhos auspiciosos que conduzem à experiência ou aoErfahrung, revisitando uma noção muito cara à filosofia de Walter Benjamin.Neste ensaio, apresentamos algumas breves considerações sobre as inter-ações extensionistas promovidas por departamentos, faculdades e institutos de Educação Física com foco na relação entre jogo, práticas corporais e formação cultural (Bildung).