O presente ensaio tem por objetivo investigar, em abstrato, se a perspectiva dialógica bakhtiniana pode servir como ferramenta a uma melhor compreensão da mediação de conflitos para o fito da promoção da cidadania no tratamento de celeumas entre particulares. Parte-se da hipótese de que o dialogismo pode servir à mediação de conflitos para a transformação prospectiva do conflito. Utiliza-se como marco teórico o dialogismo bakhtiniano, que pode ser entendido como a articulação da linguagem enquanto expressão existencial da pessoa em interação com o(a) outro(a), podendo ser chave para o tratamento pacífico e prospectivo dos litígios. O trabalho teórico jurídico-dogmático utiliza de fontes secundárias para esse mister, sendo evidente o seu caráter interdisciplinar. O trabalho justifica-se na medida em que a mediação, enquanto estratégia de reforço da autonomia dos atores para a superação do conflito, representa significativo instrumento para a cidadania. Conclui-se que a mediação, se pautada no diálogo, na linguagem e na pluralidade de vozes, pode robustecer a sua aptidão para a promoção da cidadania e para a resolução adequada de conflitos.