Esta revisão bibliográfica busca primeiramente tecer um panorama sobre as consequências físicas, fisiológicas e mudanças comportamentais, potencialmente induzidas pelos modos de uso de embocaduras, cabeçadas e rédeas, no treinamento e condução de cavalos de montaria. Segundo, e principalmente, observa-se que os arqueólogos, para definir se uma ossada de equídeo foi de animal selvagem ou domesticado, buscam encontrar vestígios de traumas em dentes, ossos alveolares e da mandíbula e maxila, particularmente no diastema, por lesão mecânica criada por embocaduras metálicas. Isto é um fato científico: as embocaduras causam lesão não apenas aos tecidos moles, mas inclusive deixam seu registro patológico nos ossos e a Medicina Veterinária precisa analisar isso tanto do ponto de vista clínico e zootécnico, quanto do ponto de vista filosófico e ético e apresentar soluções. As discussões aqui apresentadas são pautadas nos princípios da ciência da equitação, buscando apresentar dados relevantes e atuais sobre o tema. Como resultado, foi observado, de modo geral, que a equitação bitless (sem uso de embocaduras) é potencialmente capaz de trazer inúmeros benefícios ao bem-estar dos cavalos, inibindo ou mitigando diversos problemas comportamentais, além de prevenir o surgimento de algumas patologias físicas. Sendo assim, recomenda-se a adoção de cabeçadas bitless não somente para treinamento e lazer, mas também sugere-se que estas sejam oficialmente aceitas pelas instituições reguladoras dos esportes equestres de modo geral.