O artigo aborda a questão racial como expressão da questão social, tendo o século XIX como confluência das teorias racialistas e origem da desigualdade no acesso à terra com a lei de terras de 1850, entre outros mecanismos criados pelo Estado para a manutenção da dominação branca europeia nestas terras. A partir da noção de aquilombamento de resistências indígenas e negras, lança mão da articulação entre raça e classe, com base em autores clássicos e contemporâneos da formação social brasileira para a leitura da realidade atual de violação de direitos humanos no Brasil. A compreensão do processo colonial e a escravização são abordados desde a leitura de Marx sobre a acumulação primitiva do capital que mantém ao longo de 522 anos a violência e a expropriação como base para a manutenção da exploração capitalista e se reatualiza neste momento de crise estrutural do capital com o avanço sobre as terras indígenas no chamado marco temporal, sobre as terras quilombolas e a manutenção da violência do Estado contra a população negra nas favelas e periferias das cidades pela expropriação do solo urbano, extermínio e encarceramento da população negra e indígena em contexto urbano.
The article addresses the racial issue as an expression of the social issue, having the 19th century as the confluence of racialist theories and the origin of inequality in access to land with the law’s land of 1850, among other mechanisms created by the State to maintain white European domination in these lands. Based on the notion of the settlement of indigenous and black resistance, it makes use of the articulation between race and class, based on classic and contemporary authors of the Brazilian social formation, to read the current reality of human rights violations in Brazil. The understanding of the colonial process and enslavement are approached from Marx's reading of the primitive accumulation of capital that maintains violence and expropriation over 522 years as a basis for the maintenance of capitalist exploitation and is updated in this moment of structural crisis of the capital with the advance on indigenous lands in the so-called time frame, on quilombola lands and the maintenance of state violence against the black population in the slums and outskirts of citie for the expropriation of urban land, extermination and incarceration of the black and indigenous population in an urban context.