O retorno de Getúlio Vargas à presidência da República, em 1951, reacendeu o conflito político entre diversos grupos em disputa pelo poder, sendo considerado como prelúdio de uma nova ditadura “totalitária” no Brasil, percepção esta que motivou o acirramento do engajamento de jornalistas como Carlos Lacerda. Este artigo testa a aplicabilidade do autoritarismo instrumental na análise de seu pensamento político, questionando em que sentido o autoritarismo poderia ou não servir como meio transitório de instauração de uma ordem liberal-democrática no país. Para tanto, o trabalho se fundamenta na discussão teórica sobre o autoritarismo instrumental, incluindo sua formulação e as críticas que o conceito recebeu posteriormente, e na análise de artigos e editoriais publicados por Lacerda na Tribuna da Imprensa, entre 1950 e 1955.