Este artigo propõe uma discussão sobre as relações de conflito que envolveram as lutas dos Ticuna contemporâneos, moradores de comunidades do Alto Solimões, contra o genocídio, ao lado da pauta fundamental de defesa do território tradicional. O caso do massacre ao qual refere-se o presente texto, ocorrido em 28 de março de 1988, ficou conhecido como “massacre do Capacete” por menção à localidade do igarapé do Capacete, situado nas proximidades do município amazonense Benjamin Constant. Nessa região, a extração e o comércio ilegal de madeira por não-indígenas estão diretamente associados às violências enfrentadas pelos indígenas. A partir de perspectivas de afirmação do papel ativo desses sujeitos na produção e reivindicação de direitos, este trabalho irá identificar como a grande imprensa e o órgão indigenista oficial (Funai) constituem-se enquanto espaços tensionados por relações de dominação e resistência política.
This article proposes a critical analysis of the conflictual relations that involve the fights of the present Ticuna, an ethnic group that lives at the beginning of the Solimões River, against the genocide, alongside the essential matter of national territorium defense. The case of the massacre presented in this text ocurred at march 28th, 1988, and became known as the "Capacete's massacre" because of the site that it happened -- near from the Capacete's lake, at the city of Benjamin Constant, Amazon State. At that region, the extraction and the illegal traffic of wood by non-natives are directly related to the violences suffered by the indian people. From the affirmation of the active role of those people in the production and claim for rights, this work will identify how the media and the official native institute (FUNAI) constitute themselves as spaces marked by tension, domination and political resistance.