O presente artigo busca analisar a obra biográfica acerca da vida do ex-escravo Mahommah Gardo Baquaqua, originário de Djougou e que passou por experiências como cativo no Brasil, nas regiões de Pernambuco e Rio de Janeiro, e nos Estados Unidos, local em conquistou a sua liberdade. A fonte histórica foi escrita e editada pelo abolicionista Samuel Mooore de vertente religiosa batista. Busca-se aqui tentar apreender as duas vozes que surgem no decorrer do texto – sendo a primeira de Moore, o biógrafo, e a segunda de Baquaqua, o biografado. Para tanto, uma breve reflexão acerca do gênero biográfico é feita para entendermos a versatilidade desse tipo textual na apreensão das representações postas por Baquaqua e Moore sobre a escravidão. Assim, procuramos nos debruçar sobre passagens da fonte que demonstram a presença dos discursos emitidos por esses dois sujeitos, reconhecendo suas proximidades e dessemelhanças; e manifestando, inclusive, visões distintas acerca do entendimento do próprio abolicionismo.
This article seeks to analyze the biographical work about the life of the former slave Mahommah Gardo Baquaqua, who was born in Djougou and who had experience as a captive in Brazil, in the regions of Pernambuco and Rio de Janeiro, and in the United States, where he conquered his freedom. The historical source was written and edited by the abolitionist, Baptist religious strand, Samuel Moore. We try to apprehend the two voices that appear throughout the text - being Moore's first, the biographer, and Baquaqua's second, the biographed. For this, a brief reflection on the biographical genre is made to understand the versatility of this textual type in the apprehension of the representations made by Baquaqua and Moore on slavery. Thus, we try to look for passages of the source that demonstrate the presence of the discourses emitted by these two subjects, recognizing their proximity and dissimilarities; and even manifesting different views on the understanding of abolitionism itself.