A PRÁTICA DA EPISIOTOMIA NO BRASIL

Arquivos de Ciências da Saúde da Unipar

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Editor Chefe: Giuliana Zardeto
Início Publicação: 31/01/1997
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências da Saúde

A PRÁTICA DA EPISIOTOMIA NO BRASIL

Ano: 2023 | Volume: 27 | Número: 9
Autores: Agatha de Oliveira Murena Aline do Nascimento Pereira Gustavo Luiz de Oliveira Evaristo Letícia Gomes dos Santos Barbara Jacqueline Peres Barbosa Tatiana Cossia Monika Wernet Allison Scholler de Castro Villas Boas
Autor Correspondente: Agatha de Oliveira Murena | [email protected]

Palavras-chave: Episiotomia; Parto; Violência Obstétrica, Episiotomy; Childbirth; Obstetric Violence, Episiotomía; Parto; Violencia Obstétrica

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O parto é um processo fisiológico e natural que pode ser vivenciado sem complexidades pelas parturientes e bebês. A violência obstétrica atinge mulheres em seu processo reprodutivo e ocorre entre os períodos de gestação, parto e puerpério. Ocorre pelo desrespeito a sua autonomia, seu corpo e seus processos reprodutivos, utilizando procedimentos cientificamente desnecessários, podendo ser praticada de forma física, verbal, psicológica, sexual e negligência da assistência. Objetivo: Identificar a ocorrência de episiotomias realizadas, suas principais indicações e quando essa prática se torna uma violência. Materiais e métodos: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, considerando a questão norteadora: a episiotomia se torna um evento necessário ou uma violência? Para tanto, a busca de artigos ocorreu por meio da biblioteca virtual de saúde (BVS), utilizando as bases de dados LILACS, MEDLINE e BDENF. Os critérios para inclusão dos artigos foram: publicações entre os anos 2018 e 2023, no idioma português e inglês. Foram excluídos desta pesquisa os artigos sem relação direta com o tema, dissertações/teses. Resultados/Discussão: Após analisar os 312 artigos encontrados e aplicar os filtros, constatou-se que 200 deles não possuíam relação com o tema em questão, restando assim, 112 artigos para leitura de título e resumo. Em seguida, foram excluídos mais 91 artigos por não abrangerem o escopo desta pesquisa, por estarem em duplicidade ou por se tratar de dissertações/teses, resultando em um total de 21 artigos selecionados para o estudo que destacaram: mulheres que passaram por procedimentos de intervenção como a episiotomia relataram sequelas, como dores e dificuldades em retomar as atividades sexuais. A prática adotada, deve ser realizada apenas em casos de distocia ou sofrimento fetal, com a autorização da parturiente. Mulheres submetidas à episiotomia, relatam dificuldades para realizar atividades diárias e habituais, comprometendo suas necessidades fisiológicas. Parturientes que tiveram acompanhamento adequado realizado pelo enfermeiro obstetra apresentaram menores taxas de realização de episiotomia, recuperação com maior índice de satisfação, ressaltando à importância da humanização do parto e redução de práticas desnecessárias para que o nascimento ocorra. As evidências apresentadas nesta revisão apoiam a necessidade de uma reavaliação crítica das práticas de episiotomia. Orientações adequadas, treinamento e maior conscientização dos profissionais de saúde são essenciais para garantir que a episiotomia seja realizada de forma criteriosa, respeitando a fisiologia e a integridade do corpo da mulher. Além disso, a implementação de abordagens de atendimento humanizado e consentimento informado é crucial para reduzir a prevalência de episiotomias desnecessárias e minimizar potenciais efeitos negativos na qualidade de vida das mulheres. Cada vez mais a episiotomia é realizada sem levar em conta nenhum critério de indicação, não respeitando limites da fisiologia, do corpo da mulher e do processo do nascer, causando inúmeros malefícios. Considerações finais: Em síntese, as evidências apresentadas apoiam a necessidade de uma reavaliação crítica na adoção da prática da episiotomia, que perpassa pela formação, capacitação e educação permanente dos profissionais que assistem a mulher durante o parto. Orientações adequadas, treinamento e maior conscientização dos profissionais de saúde são essenciais para garantir que a episiotomia seja realizada de forma criteriosa, respeitando a fisiologia e a integridade do corpo da mulher.



Resumo Inglês:

Childbirth is a physiological and natural process that can be experienced without complexities by parturients and babies. Obstetric violence affects women in their reproductive process and occurs between the periods of pregnancy, childbirth and puerperium. It occurs by disrespecting their autonomy, their body and their reproductive processes, using scientifically unnecessary procedures, and can be practiced physically, verbally, psychologically, sexually and negligence of care. Objective: To identify the occurrence of episiotomies performed, their main indications and when this practice becomes violence. Materials and methods: This is an integrative literature review, considering the guiding question: does episiotomy become a necessary event or a violence? To this end, the search for articles occurred through the virtual health library (VHL), using the LILACS, MEDLINE and BDENF databases. The criteria for inclusion of the articles were: publications between the years 2018 and 2023, in Portuguese and English. Articles with no direct relation to the theme, dissertations/theses were excluded from this research. Results/Discussion: After analyzing the 312 articles found and applying the filters, it was found that 200 of them were not related to the topic in question, thus leaving 112 articles for reading the title and abstract. Then, 91 more articles were excluded because they did not cover the scope of this research, because they were in duplicate or because they were dissertations/theses, resulting in a total of 21 articles selected for the study that highlighted: women who underwent intervention procedures such as episiotomy reported sequelae, such as pain and difficulties in resuming sexual activities. The practice adopted should be performed only in cases of dystocia or fetal distress, with the authorization of the parturient. Women undergoing episiotomy report difficulties in performing daily and usual activities, compromising their physiological needs. Parturients who had adequate follow-up performed by the obstetric nurse had lower rates of episiotomy, recovery with a higher satisfaction rate, highlighting the importance of humanizing childbirth and reducing unnecessary practices for birth to occur. The evidence presented in this review support the need for a critical reassessment of episiotomy practices. Appropriate guidance, training and increased awareness of health care providers are essential to ensure that episiotomy is performed judiciously, respecting the physiology and integrity of the woman's body. In addition, the implementation of humanized care approaches and informed consent is crucial to reduce the prevalence of unnecessary episiotomies and minimize potential negative effects on women's quality of life. Episiotomy is increasingly performed without taking into account any indication criteria, not respecting the limits of physiology, the woman's body and the birth process, causing numerous harms. Final considerations: In summary, the evidence presented supports the need for a critical reassessment in the adoption of the practice of episiotomy, which includes the training, qualification and permanent education of professionals who assist women during childbirth. Adequate guidance, training and greater awareness of health professionals are essential to ensure that episiotomy is performed carefully, respecting the physiology and integrity of the woman's body



Resumo Espanhol:

El parto es un proceso fisiológico y natural que puede ser vivido sin complejidades por parturientas y bebés. La violencia obstétrica afecta a las mujeres en su proceso reproductivo y ocurre entre los periodos de embarazo, parto y puerperio. Ocurre por la falta de respeto a su autonomía, a su cuerpo y a sus procesos reproductivos, utilizando procedimientos científicamente innecesarios, y puede ser practicada física, verbal, psicológica, sexual y negligencia de cuidados. Objetivo: Identificar la ocurrencia de episiotomías realizadas, sus principales indicaciones y cuando esa práctica se torna violencia. Materiales y métodos: Se trata de una revisión bibliográfica integradora, considerando la pregunta orientadora: ¿la episiotomía se convierte en un hecho necesario o en violencia? Para ello, la búsqueda de artículos se realizó a través de la biblioteca virtual de salud (BVS), utilizando las bases de datos LILACS, MEDLINE y BDENF. Los criterios de inclusión de los artículos fueron: publicaciones entre 2018 y 2023, en portugués e inglés. Fueron excluidos de esta investigación artículos sin relación directa con el tema, disertaciones/tesis. Resultados/Discusión: Después de analizar los 312 artículos encontrados y aplicar los filtros, se constató que 200 de ellos no estaban relacionados con el tema en cuestión, quedando así 112 artículos para la lectura del título y resumen. Luego, 91 artículos más fueron excluidos por no abarcar el alcance de esta investigación, por estar duplicados o por tratarse de disertaciones/tesis, resultando en un total de 21 artículos seleccionados para el estudio que destacaron: las mujeres sometidas a procedimientos de intervención como la episiotomía relataron secuelas, como dolor y dificultades para retomar las actividades sexuales. La práctica adoptada sólo debería realizarse en casos de distocia o sufrimiento fetal, con la autorización de la parturienta. Las mujeres sometidas a episiotomía relatan dificultades en la realización de las actividades cotidianas y habituales, comprometiendo sus necesidades fisiológicas. Las parturientas que tuvieron un seguimiento adecuado realizado por la enfermera obstétrica presentaron menores tasas de episiotomía, recuperación con una mayor tasa de satisfacción, destacando la importancia de humanizar el parto y reducir las prácticas innecesarias para que ocurra. Las pruebas presentadas en esta revisión apoyan la necesidad de una reevaluación crítica de las prácticas de episiotomía. La orientación adecuada, la formación y una mayor concienciación de los profesionales sanitarios son esenciales para garantizar que la episiotomía se realice con criterio, respetando la fisiología y la integridad del cuerpo de la mujer. Además, la aplicación de enfoques asistenciales humanizados y el consentimiento informado son cruciales para reducir la prevalencia de episiotomías innecesarias y minimizar los posibles efectos negativos en la calidad de vida de las mujeres. La episiotomía se realiza cada vez más sin tener en cuenta ningún criterio de indicación, sin respetar los límites de la fisiología, el cuerpo de la mujer y el proceso del parto, causando numerosos daños. Consideraciones finales: En resumen, las pruebas presentadas apoyan la necesidad de una reevaluación crítica de la adopción de la episiotomía, que incluya la formación, cualificación y educación permanente de los profesionales que asisten a las mujeres durante el parto. La orientación adecuada, la formación y una mayor concienciación de los profesionales de la salud son esenciales para garantizar que la episiotomía se realice con cuidado, respetando la fisiología y la integridad del cuerpo de la mujer.