O presente artigo mostra que a significação atribuída à infância vem para ela da interpretação da
infância em termos de natureza e cultura. Mas esses próprios conceitos devem se aplicar à infância,
tomar um sentido temporal. A infância precede a idade adulta: esta é uma definição mínima que não
implica ainda nenhuma concepção particular da infância, mas que coloca o tempo como dimensão
específica da infância. A pedagogia retoma esses temas essenciais, os da natureza, da corrupção
da cultura, encarando-os em sua relação com o tempo. É inegável a contribuição tanto da Medicina
quanto da Psicologia do Desenvolvimento nas descobertas científicas sobre as especificidades do
cuidado com a criança; todavia, a prescrição do desenvolvimento infantil por meio de observações
isoladas e sua classificação por testes laboratoriais resultam na construção de um padrão universal
pautado num modelo de criança distante do contexto real e das suas condições sociais. A explicação
do desenvolvimento da criança seguia uma linha de evolução acumulativa, em que a infância era
vista como período de passagem para a constituição do futuro adulto. Ou seja, a importância da
infância, nesse período, consistia em ser um período evolutivo, de investimento educativo, do qual
dependeria a formação para as competências futuras, a partir da necessidade de adaptação.