A renovação artística e as reflexões sociológicas e filosóficas provenientes da relação arte/tecnologia, a partir da Revolução Industrial, intensificam-se após a chamada virada cibernética. A imagem passa a ser prioritariamente imagem-informação, deixa de ser apenas imagem-representação. Assim, torna-se fundamental entender o funcionamento e fundamento da construção dessas imagens nos diversos setores da sociedade, incluindo as manifestações artísticas que tematizam ou se utilizam das tecnologias mais recentes. Todavia, esse entendimento não deveria contemplar um ponto de vista humano apenas, numa espécie de manifestação senhor-escravo em relação a essas tecnologias, mas incluir a perspectiva da máquina também, o que é bem mais difícil, pois, neste caso, é necessário compreender informação, sensação e percepção em sua articulação, em sua relação homem-máquina, não isoladamente. Afinal de contas, é o tripé informação-percepção-sensação, enquanto campo problemático dos mais diversos domínios sociais, que se relaciona com a invenção de algum modo. Dito de outra forma, as tecnologias contemporâneas obrigam a uma mudança no próprio conceito de máquina, consequentemente, também na compreensão cultural de sua função e das formas como o ser humano se relaciona com ela. O presente artigo pretende discutir essas questões por meio de obras selecionadas do cineasta Harun Farocki.