Este ensaio procura refletir sobre o lugar da natureza no sistema de valores da sociedade brasileira a partir da comparação de duas apropriações sócio-culturais de um mesmo espaço, o da Ilha do Cardoso, transformada em Parque Estadual em 1962. Este artigo procura refletir se a forma encontrada pela sociedade brasileira para preservar a natureza, expressa pelo próprio conteúdo dos diplomas legais, não representaria uma espécie de edenização do mundo natural; e consequentemente, voluntária ou involuntariamente, através destes diplomas a sociedade não estaria reproduzindo a dicotomia natureza-cultura, tão própria da cultura ocidental, e que as ciências sociais têm observado a partir de um complexo sistema de atribuição de valores, definidores inclusive das relações entre os homens, de seus lugares sociais.