A música no Brasil foi institucionalizada a partir de um intenso processo de colonização. Esse fato fez com que os currículos, conteúdos, objetivos e abordagens metodológicas, além de outros aspectos relacionados ao ensino e aprendizagem formal de música no país, fossem historicamente baseados em estratégias criadas para o ensino da música erudita ocidental do passado. Considerando tal contexto, este trabalho analisa a atual realidade da colonialidade na educação superior brasileira e propõe estratégias para, a partir desse panorama, incorporar perspectivas decoloniais para o ensino de música. As discussões aqui realizadas têm como suporte uma pesquisa qualitativa que contemplou vinte importantes universidades do país na área de música, considerando na seleção dessas instituições, entre outros critérios, as singularidades de cada região brasileira. Os dados foram coletados a partir de pesquisa documental que proporcionou o acesso tanto aos projetos pedagógicos das universidades estudadas quanto a um conjunto vasto de documentos relacionados às propostas e estratégias de ensino de música nessas instituições. Os resultados mostraram que ainda há fortes traços de colonialidade nos cursos de graduação em música atualmente, com um amplo domínio da música erudita ocidental e a reprodução do modelo disciplinar como única alternativa de organização dos currículos. Fundamentado nas bases teóricas e nos dados empíricos analisados neste estudo, o texto apresenta diretrizes para pensar e implementar estratégias decoloniais para o ensino e aprendizagem da música na educação superior do Brasil. As reflexões apresentadas consideram que é preciso trabalhar brechas e rupturas decoloniais, principalmente por meio da ampliação dos conhecimentos musicais abordados e da incorporação de novas estratégias curriculares relacionadas às singularidades da música no país.