O objetivo deste trabalho será apresentar dois caminhos de análises literárias de uma mesma obra; uma abordar no romance Lazarilho de Tormes, narrativa espanhola do século XVI, de autoria desconhecida e obra fundante do romance picaresco, no qual o herói da história é um anti-herói: personagem marginalizado em constante labuta pela sobrevivência. Além da marcante característica do protagonista deste tipo de narrativa, veremos ainda uma sátira social como tema central da história, uma crítica contundente ao modelo de sociedade da época: hipócrita e corrupta. Esta parte será o fio condutor do desenvolvimento deste anti-herói herói (grifo meu) em um determinado momento da história que veremos mais adiante. E, o outro caminho desta análise, será um paralelo deste romance picaresco e o personagem do clérigo com a nossa conjuntura atual na esfera política e o discurso político-religioso proferido pelo deputado-pastor Silas Malafaia. A estrutura de sátira social dos romances picarescos da Idade Média nos possibilita fazer uma análise do status quo vigente, uma vez que os costumes e tradição dos políticos brasileiros são semelhantes aos moldes do clero de outrora: além da corrupção e hipocrisia, os discursos autoritários para manterem-se nos cargos imunes de qualquer julgamento civil. Veremos a degradação moral e as trapaças do homem pelo homem em busca da superficialidade do material e esvaziamento da fé. Vale ressaltar neste resumo que este artigo é a junção de dois trabalhos realizados em disciplinas diferentes ao longo do curso de especialização em Língua e Literatura Portuguesa pela Universidade Mackenzie, em 2016; portanto os assuntos serão entrelaçados.