As crises sociais, políticas e econômicas, extremos de secas e enchentes, e o aumento do nível do mar, são partes da crise ambiental contemporânea. Sendo assim, o artigo apresenta, inicialmente, algumas causas dessa crise, intimamente implicadas em um tipo de relação estabelecida entre o ser humano e a natureza, relação que se deu partir da reviravolta antropocêntrica na modernidade. O objetivo do artigo é mostrar que uma hermenêutica bíblica baseada na perspectiva antropocêntrica não é capaz de interpretar corretamente os textos bíblicos. O artigo defende, em primeiro lugar, que os relatos da criação não fundamentam nenhum domínio, no sentido de exploração desmedida, da natureza pelo ser humano. Em seguida, elucida que o sistema sabático na Bíblia, muitos séculos antes dos ambientalistas, já propunha uma forma de sustentabilidade, assegurando os recursos naturais para as futuras gerações e o cuidado com a criação inteira. Por fim, os resultados alcançados com a pesquisa apontam para a necessidade de um novo paradigma hermenêutico apto a interpretar a Bíblia não mais a partir de uma perspectiva antropocêntrica, mas de uma ótica enraizada numa consciência ecológica. Portanto, não se trata de uma mudança superficial na hermenêutica, mas de uma mudança de paradigma.
Social, political and economic crises, extreme droughts and floods, and rising sea levels are all part of the contemporary environmental crisis. Therefore, this article sought to clarify some causes of this crisis, which are closely related to a type of relationship between human beings and nature, a relationship that arose from the anthropocentric turning point in modernity. It aims to show that a hermeneutics of the Sacred Scriptures based on an anthropocentric perspective is unable to correctly interpret biblical texts. Firstly, it argues that the accounts of creation do not imply the dominion of nature, and its excessive exploitation, by human beings. Then, the article clarifies that the Sabbath system in the Bible, many centuries before environmentalists, already proposed a form of sustainability, ensuring natural resources for future generations and care for the entire creation. Finally, the results of the research point to the need for a new hermeneutic paradigm capable of interpreting the Bible no longer from an anthropocentric perspective, but from a perspective rooted in ecological consciousness. Therefore, it is not simply a superficial hermeneutic change, but a real paradigm shift.