Este artigo tem como objetivo realizar uma crítica aos usos do chamado flow presente no game design. Composto como uma importante teoria responsável por definir o que é um bom jogo, o flow foi uma ferramenta desenvolvida para possibilitar uma experiência otimizante e produtora de felicidade. Contudo, essa experiência apresenta substratos ideológicos que acabam por colocá-la como uma ferramenta de continuidade do sistema vigente, que deve permanecer acrítica. Utilizando-se de mecânicas originalmente compostas para o flow e da crença de jogadores/as nesse contexto, cenas avant gard queer estadunidenses compõem o contra-flow: uma proposta de perturbação da diversão escapista apresentada pelo flow mainstream, utilizando-se de posições subjetivas históricas das comunidades LGBTQ e feministas para criar sentimentos de angústia, frustração e tristeza. Essas produções revelam-se como uma proposição crítica do flow, demonstrando suas relações ideológicas e políticas.