A partir dos videntes Tirésias e Jerônimo de Albuquerque, este ensaio se propõe a
abordar brevemente a questão da voz e do incomunicável na poesia de T. S. Eliot e João Cabral
de Melo Neto. Em outras palavras, apesar do conteúdo prontamente social presente na obra dos
poetas – Eliot é freqüentemente lido sob a ótica do pós-guerra, e a poesia de Cabral, por sua vez,
é repetidamente associada a uma geografia especÃfica –, este estudo intenta demonstrar que a
oralidade ali impressa atende também a certo conteúdo incomunicável, mensagem que não pode
transcender o próprio espaço que ocupa. Em suma, a temática social em Eliot e Cabral traz
consigo a marca de um indizÃvel, e o percurso dos retirantes (em Recife ou na Londres pósguerra)
permanece sempre por ser feito, mais uma vez.
From the image of the clairvoyants Tiresias and Jerônimo de Albuquerque, this essay
intends to briefly discuss the question of the voice and the incommunicable in T. S. Eliot and
João Cabral de Melo Neto. In other words, despite the social content present in their works –
Eliot is frequently read as a post-war poet, and João Cabral’s poetry, in its turn, is constantly
seen as if referring to a specific geography –, this study wishes to demonstrate that the oral
aspects carry with them certain incommunicable substance, some sort of message that cannot
transcend the very spot it occupies. To sum up, the social content in Eliot and Cabral also brings
with it the mark of something that is not to be entirely known, and the road to be taken (in
Recife or in modern London) remains there.