A invasão da Rússia contra a Ucrânia seria uma estratégia de proteção do seu territorial? O governo da Rússia apresentou a entrada da Ucrânia para a OTAN como inaceitável, por conta dos riscos da proximidade da aliança militar de suas fronteiras. Essa presença colocaria o território russo sob ameaça de invasão. O contexto somente poderá ser entendido se introduzirmos a fi gura de seu presidente Vladmir Putin no contexto. O governo russo se confunde com o governo de Putin e suas intenções, interesses e aspirações. A Rússia desde o fi m da URSS, em 1991, vem perdendo signifi cância no jogo político global. Poder político, econômico e militar, numa realidade multipolarizada. Representando o papel de uma potência secundária. Putin fortaleceu a economia russa através da produção e exportação de energia: petróleo, gás, e derivados de xisto, construindo inclusive gasodutos para Europa, China e Índia. Investiu na renovação das forças armadas russas e no desenvolvimento da indústria bélica russa. Ao mesmo tempo, Putin procura exacerbar o nacionalismo russo, esse fenômeno ganha aliados tanto na elite oligarca russa; quanto nos cidadãos russos. Putin supostamente persegue o interesse nacional. O poder de Putin se fortalece com o uso do nacionalismo. Entretanto, essa invasão não seria apenas uma forma de manipulação política da imagem de Putin como a mídia ocidental trata a situação. Existe também uma visão de mundo que Putin compartilha com seus seguidores o Eurasianismo, que considera a Rússia um continente intermediário, uma massa homogênea, distinta tanto da Ásia como da Europa. Eurasianismo cria o atlas mental da geopolítica russa. Na tradição histórica, o espaço físico territorial é um elemento indissociável da identidade da nação russa, e a tradição geopolítica representa isso mesmo, uma conjugação de elementos teórico-simbólicos que se refletem na geopercepção do mundo e, consequentemente, na sua política externa. Assim, a ação do Estado, se assenta em noções de legitimidade histórica e na prossecução de um destino manifesto, é condicionada pelo seu passado e orientada por visões do seu futuro. A identidade da nação russa se mescla com o território físico e descendência russa e turcomana. Como boa parte dessas populações se encontra espalhada em outros países; Ucrânia, Cazaquistão, Bielo-Rússia entre outros, isso legitima o direito de dominar e invadir esses territórios, ignorando se estão em outros países. Ignorando a vontade e a soberania de outras nações. Podemos criar hipóteses que a invasão da Ucrânia não se limitará as regiões de Donbass, Lugansky e Criméia, e que o belicismo de Putin continuará até restabelecer o mapa territorial soviético.
Would Russia's invasion of Ukraine be a strategy to protect its territory? The Russian government presented Ukraine's entry into NATO as unacceptable, due to the risks of the proximity of the military alliance to its borders. Such a presence would place Russian territory under threat of invasion. The context can only be understood if we introduce the fi gure of its president Vladimir Putin in the context. The Russian government is mixed with the Putin government and its intentions, interests, and aspirations. Since the end of the USSR in 1991, Russia has been losing signifi cance in the global political game. Political, economic and military power, in a multi-polarized reality. Playing the role of a secondary power. Putin strengthened the Russian economy through the production and export of energy: oil, gas, and shale derivatives, including building gas pipelines to Europe, China and India. Invested in renewing the Russian armed forces and developing the Russian arms industry. At the same time, Putin seeks to exacerbate Russian nationalism, this phenomenon gaining allies in both the Russian oligarchic elite; as for Russian citizens. Putin allegedly pursues the national interest. Putin's power is strengthened by the use of nationalism. However, this invasion would not just be a form of political manipulation of Putin's image as the Western media treats the situation. There is also a worldview that Putin shares with his followers, Eurasianism, which sees Russia as an intermediate continent, a homogeneous mass, distinct from both Asia and Europe. Eurasianism creates the mental atlas of Russian geopolitics. In the historical tradition, the physical territorial space is an inseparable element of the identity of the Russian nation, and the geopolitical tradition represents just that, a combination of theoretical-symbolic elements that are reflected in the geoperception of the world and, consequently, in its foreign policy. Thus, State action, based on notions of historical legitimacy and the pursuit of a manifest destiny, is conditioned by its past and guided by visions of its future. The identity of the Russian nation merges with the physical territory and Russian and Turkmen descent. As a good part of these populations is scattered in other countries; Ukraine, Kazakhstan, Belarus among others, this legitimizes the right to dominate and invade these territories, ignoring whether they are in other countries. Ignoring the will and sovereignty of other nations. We can hypothesize that the invasion of Ukraine will not be limited to the Donbass, Lugansky and Crimea regions, and that Putin's warmongering will continue until the Soviet territorial map is re-established.Keywords: Putin; Ukraine; Russia; eurasianism.