O sujeito surdo é aquele que compreende e interage com o mundo por meio de linguagem visual. Devido às diferenças linguísticas e culturais que caracterizam a população surda, este grupo ainda enfrenta dificuldades no acesso aos serviços de saúde. Por essa razão, propôs-se investigar dificuldades de comunicação na prestação de cuidados a pacientes surdos. Trata-se de um estudo qualitativo, que foi realizado na Associação de Surdos do Maranhão (ASMA), localizada em São Luís. A amostra foi constituída por 10 mulheres e 10 homens, todos maiores de 18 anos. As informações foram coletadas por meio de entrevista semiestruturada, com o auxílio de intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). A interpretação dos dados foi realizada a partir da análise temática de conteúdo. Foram identificadas duas categorias temáticas: “comunicação” e “autonomia”. Na primeira, os entrevistados pontuaram o desconhecimento dos médicos sobre as necessidades da comunidade surda ou sobre sua língua, a LIBRAS. Como tentativa de estabelecer um diálogo, os pacientes relataram a utilização de escrita, de gestos e de leitura orofacial durante os atendimentos. Essas estratégias, contudo, são insuficientes, visto que as informações não conseguem ser bem compreendidas. Na segunda, foi evidenciada a necessidade da presença de acompanhantes que intermedeiem o diálogo, pois os participantes afirmaram não encontrar intérpretes de LIBRAS nas unidades de saúde, acarretando perda da autonomia e da confidencialidade das informações. Conclui-se que esse cenário de adversidades implica consequências importantes na saúde dessa população, bem como menor adesão a tratamentos e diminuição na busca por atendimento médico.
Deaf people are those who understand and interact with the world through visual language. Due to the linguistic and cultural differences that characterize the deaf population, this group still faces difficulties in accessing health services. For this reason, it was proposed to investigate communication difficulties in providing care to deaf patients. This is a qualitative study which was carried out at the Association of the Deaf of Maranhão (ASMA), in São Luís. The sample consisted of 10 women and 10 men, all over the age of 18. The information was collected through semi-structured interviews, with the help of Brazilian Sign Language (LIBRAS) interpreters. Data interpretation were performed based on thematic content analysis. Two thematic categories were identified: “communication” and “autonomy”. In the first, the interviewees pointed out the lack of knowledge of the doctors about the needs of the deaf community or about their language, LIBRAS. In an attempt to establish a dialogue, the patients reported the use of writing, gestures and orofacial reading during the consultations. These strategies, however, are insufficient, since the information cannot be well understood. The second evidenced the need for the presence of companions to mediate the dialogue, as the participants stated that they did not find LIBRAS interpreters in the health units, resulting in loss of autonomy and confidentiality of information. It is concluded that this scenario of adversity implies important consequences for the health of this population, as well as lower adherence to treatments and a decrease in the search for medical care.