Os estudos sobre violência estatal, alicerçados em conceitos como território e raça/racismo, vêm ganhando cada vez mais destaque em diferentes campos acadêmicos e sociais. A violência estatal é discutida a partir de duas categorias específicas, o território e suas implicações socioterritoriais e raciais. O artigo tem por objetivo analisar o funcionamento dessas categorias, tratando especificamente da sua relação com a violência de estado, uma vez que as violações de direitos e ações repressivas estatais se concentram de forma acintosa em determinados territórios, periféricos e marginalizados, e recai violentamente contra corpos não brancos. A hipótese analisada é que os corpos não brancos sofrem mais a violência contra a vida que os corpos brancos; bem como, que esta questão se mantém quando se considera especificamente a violência estatal, sobretudo em regiões vulneráveis socioeconomicamente. Foram coletados dados de Alagoas e Maceió, de 2013 a 2023, junto à SSP/AL sobre os CVLI, ao IBGE os dados demográficos e ao portal Atlas Brasil os referentes ao IDHM. Destaca-se que o perfil das vítimas é muito bem delimitado, são homens, jovens com idade entre 15 e 29 anos, pretos e pardos, cujo principal instrumento do cometimento dos crimes é a arma de fogo e o principal crime é o homicídio, seguido pela letalidade policial. Especificamente sobre a letalidade policial os bairros com menores indicadores de desenvolvimento humano foram os que tiveram maiores quantitativos de vítimas oriundas da repressão estatal.
Studies on state violence, based on concepts such as territory and race/racism, have gained increasing prominence in different academic and social fields. State violence is discussed from two specific categories: territory and its socio-territorial and racial implications. The aim of this article is to analyse how these categories work, specifically their relationship with state violence, given that violations of rights and repressive state actions are concentrated in certain peripheral and marginalized territories, and fall violently on non-white bodies. The hypothesis analyzed is that non-white bodies suffer more violence against life than white bodies, and that this issue is maintained when state violence is specifically considered, especially in socio-economically vulnerable regions. Data was collected from Alagoas and Maceió, from 2013 to 2023, from the SSP/AL on the CVLI, from the IBGE on demographic data and from the Atlas Brasil portal on the HDI. It should be noted that the profile of the victims is very well defined: they are men, young people aged between 15 and 29, black and brown, whose main instrument for committing crimes is a firearm and the main crime is homicide, followed by police lethality. Specifically with regard to police lethality, the neighborhoods with the lowest human development indicators had the highest number of victims of state repression.
Los estudios sobre la violencia de Estado, basados en conceptos como territorio y raza/racismo, han adquirido una importancia creciente en diferentes ámbitos académicos y sociales. La violencia de Estado se discute a partir de dos categorías específicas: el territorio y sus implicaciones socioterritoriales y raciales. El objetivo de este artículo es analizar el funcionamiento de estas categorías, específicamente su relación con la violencia estatal, dado que las violaciones de derechos y las acciones represivas del Estado se concentran en determinados territorios periféricos y marginales y recaen violentamente sobre los cuerpos no blancos. La hipótesis analizada es que los cuerpos no blancos sufren más violencia contra la vida que los cuerpos blancos, y que esta cuestión se mantiene cuando se considera específicamente la violencia estatal, especialmente en regiones socioeconómicamente vulnerables. Se recopilaron datos de Alagoas y Maceió, de 2013 a 2023, de la SSP/AL sobre la CVLI, del IBGE sobre datos demográficos y del portal Atlas Brasil sobre el IDH. Cabe destacar que el perfil de las víctimas está muy bien definido: son hombres, jóvenes entre 15 y 29 años, negros y morenos, cuyo principal instrumento para delinquir es el arma de fuego y el principal delito es el homicidio, seguido de la letalidad policial. Específicamente en lo que se refiere a la letalidad policial, los barrios con menores indicadores de desarrollo humano presentaron el mayor número de víctimas de la represión estatal.